domingo, 29 de julho de 2007

Artigo "Convite ao Saber..."


Convite ao Saber...

Os fotógrafos de raios X como eram chamados na época do descobrimento, evoluíram muito e chegaram hoje no Tecnólogo em Radiologia. Tivemos muitos operadores principiantes antes disso acontecer, como: físicos, médicos, químicos, eletricistas, assistentes hospitalares, porteiros, entre outros. Na época achavam que para operar o equipamento só precisava saber apertar o botão, acreditava-se que não era necessário ter conhecimentos sobre o tema, bastava ter alguns conhecimentos em anatomia. Enquanto os efeitos nocivos dos raios X ainda não eram conhecidos não houve a preocupação em definir um profissional somente para realização dos exames. Quando os efeitos indesejáveis começaram a aparecer resolveram definir um profissional mais adequado.

Em 1920 numa reunião na Associação Americana de Técnicos em Radiologia, foi definido que uma enfermeira era um técnico muito mais qualificado por ser mulher, mas principalmente por ter curso universitário. Mesmo assim a regulamentação da profissão no Brasil aconteceu só em 1985 e somente em nível técnico, o curso superior de tecnologia foi criado em 1992, no entanto muitos anos antes da profissão do técnico estar regularizada já estava indicando a necessidade do profissional ter o curso superior.

Na época da regulamentação da profissão, isso a mais de duas décadas os técnicos conseguiam com facilidade uma vaga no mercado de trabalho no setor de radiologia convencional, esse período foi muito bom para os profissionais, mas os problemas começaram a aparecer com a implantação dos equipamentos radiológicos mais sofisticados como: tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear e medicina nuclear, muitos técnicos tiveram dificuldades para opera-los. A falta de profissionais qualificados para operar esses equipamentos ocasionou uma invasão de profissionais de outras áreas, menos qualificados que os próprios técnicos, por não terem conhecimentos de imagenologia e muito menos de proteção radiológica, porém pelo fato de terem o curso superior e associado à falta de emprego em seus setores, esses profissionais aproveitaram essa brecha para se infiltrar no setor de imagenologia, ocasionando um grande transtorno para ambos os profissionais. De um lado os profissionais de outras áreas não se uniram para fortalecer sua profissão e preferiram ficar lutando pela vaga do operador de equipamentos radiológicos. De outro lado o técnico em radiologia perde vaga no seu próprio setor por não ter o curso superior, a situação foi piorando ao longo do tempo até a criação do curso superior em tecnologia em radiologia.

O curso superior de tecnologia em radiologia foi criado justamente para suprir as necessidades do mercado de trabalho. Repensando e reformulando os cursos técnicos, por não estarem conseguindo acompanhar as inovações tecnológicas, e através de pesquisas sobre a profissão no Brasil e em outros paises é que se chegou ao curso superior de tecnólogo em radiologia.

Atualmente percebemos que as inovações tecnológicas são renovadas num curto período de tempo. Para nos adequar as novas tecnologias, produtos, serviços e consumidores, várias profissões estão sendo criadas a todo momento para nos adequar às vantagens que as inovações nos proporcionam. No setor da medicina alguns anos atrás se diziam que novas tecnologias demorariam a chegar ao Brasil, e agora chegou, é uma realidade na vida de todos os profissionais do setor.

Devemos ter consciência de que as instituições de ensino e porque não dizer, nós profissionais das técnicas radiológicas, temos que nos adaptar às exigências do atual mercado, que está necessitando de um profissional com conhecimentos e habilidades associados ao saber fazer, fazer melhor e atuar em diferentes setores quando necessário.

Os cursos de tecnologia têm algumas características, dentre elas destacamos: avanço do conhecimento; científico e tecnológico; qualificação e re-qualificação profissional; conjugação da teoria com a prática, integração do ensino ao trabalho; a ciência e a tecnologia; realização de pesquisas aplicadas estimulando o desenvolvimento de soluções tecnológicas e a criatividade, aliado a isso os acadêmicos que ministram aulas no curso obviamente além do curso superior são no mínimo especialistas, os outros possuem mestrado e até doutorado e estão preparados para trabalhar com alunos que querem respostas rápidas.

Nos cursos superiores o profissional tecnólogo é realmente preparado para ser inserido no mercado de trabalho, onde as disciplinas conceituais e práticas são amplas e complexas, não se restringindo a uma compreensão linear, que apenas treina o indivíduo para a empregabilidade ou para executar tarefas instrumentais. Um dos fatores que estabelece a diferenciação entre o curso técnico e o tecnológico é a preparação do tecnólogo para a pesquisa.

Para quem terminou ou está fazendo o curso técnico em radiologia, o ideal é que procurem ingressar no curso superior de tecnologia, isso não é um pré-requisito, no entanto quando um técnico em radiologia ingressa na faculdade, é o casamento mais que perfeito, o fato do aluno estar familiarizado com as disciplinas vistas no curso técnico, faz com que compreenda e assimile melhor as competências do curso superior, isso favorece muito o profissional final que se torna mais qualificado para atender às necessidades do mercado, isso não significa que quem escolhe fazer direto o curso superior, sem ter o curso técnico será menos qualificado, o conhecimento é uma construção individual.

A “Lei Darcy Ribeiro de Diretrizes e bases da Educação Nacional”, que entrou em vigor em 1996, introduziu mudanças nos cursos profissionalizantes, nos níveis técnico e tecnológico. A lei oferece a oportunidade para os técnicos que desejam fazer o curso superior, com aproveitamento de matérias já estudadas, o aluno pode fazer o curso de tecnólogo em menos tempo, não é o ideal. O aluno perde muito porque mesmo sendo um assunto que ele já estudou no curso técnico, no superior terá professores com nível de conhecimento bem superior e material didático melhor e mais atualizado.

Estamos numa época onde o conhecimento é muito valorizado, ou seja, tem o seu preço, isso envolve principalmente as instituições de ensino. A profissão de operador de equipamentos radiológicos no Brasil está passando por um momento histórico no campo da educação, as instituições interassadas devem se empenhar na efetivação da obrigatoriedade do curso superior, em princípio gradualmente, posteriormente definitivamente. Sabemos que em outros paises essa situação já é uma realidade há décadas, sabemos também que resistência de alguns pode existir é natural, muitos profissionais arraigados aos velhos costumes se sentem ameaçados pelo medo de não se adaptar ao novo, mas as conquistas são precedidas de lutas, e a causa é mais que justa, não só profissionais, mas toda sociedade ganhará com a mudança.

Essa iniciativa é uma conseqüência da evolução tecnológica e da própria evolução da profissão, evita que nosso setor seja invadido por outros profissionais. Hoje a disputa por uma vaga é grande, bem diferente de duas décadas atrás, mas certamente será mais justa se todos tiverem o curso superior e cada um pode escolher um setor e se especializar, afinal temos vários setores onde o tecnólogo pode atuar, teremos então a mesma profissão, porém cada um especialista num setor ou setores.

O que deve ser feito de imediato é a união entre técnicos, tecnólogos e órgãos competentes, como o ato de mobilização feito anos atrás para a regulamentação do profissional técnico. Sabe-se que não há outra saída, se faz necessário uma verdadeira revolução na profissão dos operadores de equipamentos de diagnóstico por imagem, no sentido de melhorar a qualificação da classe evitando que sejamos levados a acreditar que devemos ter apenas o curso técnico, nós podemos e devemos ter também o curso superior, especialização, mestrado e doutorado se assim desejarmos. À medida que adquirimos conhecimento passamos a nos posicionar frente às mudanças, passando a participar dos projetos de reformulação do próprio ensino na construção do saber, o que precisamos é neste momento definir que tipo de profissionais desejamos ser.

A atitude não resolve todos os problemas nem acaba com o desemprego, mas fará com que a classe e órgãos competentes mudem o rumo da história dos operadores de equipamentos radiológicos, promovendo a formação e qualificando profissionais que a muito necessitam de adequação para que possamos nos manter num mercado cada dia mais competitivo e para a própria sobrevivência da nossa profissão.

"A humanidade se divide em antes e depois da descoberta dos raios X”.

Albert Einstein


Eliane Martins Pereira
Pós-graduada em Docência do Ensino Superior.
Graduada em Tecnologia em Radiologia.
Técnica em Radiologia.

Um comentário:

Carol disse...

Gostei muito do artigo, são textos como esse que nos motivam a buscar qualificação profissional. Infelizmente ainda existe uma grande barreira entre os técnicos, tecnólogos e reconhecimento das outras àreas, mas creio que toda atitute que envolva a informação que "abre nossos olhos" é válida.